ELTON JOHN, KATE PERRY E RIHANNA NA PRIMEIRA NOITE DO ROCK IN RIO

Filosofia sob(re) a ausência de energia elétrica

22:18h

Este projeto de escritora, quando vos escreve esta pequena crônica, o faz a luz de dois tocos de vela. Um ligeiramente rosado e outro, que no Natal passado foi branco, hoje amareladamente útil.
Moro em Palmas, Tocantins. Essa maravilhosa cidade que há algumas semanas era notícia por umidade relativa do ar em nível crítico, por queimadas violentamente destruidoras e por temperaturas em torno de 45 º celsius, é agora palco para chuvas torrenciais, arrancando telhados, inundando ruas, derrubando árvores e ... debilitando o fornecimento de energia elétrica.

Eu e toda a quadra estamos no escuro há mais de quatro horas. Meu primeiro pensamento depois de perceber que a energia não voltaria em alguns segundos foi “Por que eu não tenho uma porcaria de uma lanterna em casa?”. Óbvia resposta. Como todo ser humano alienado pela civilização, vivo me iludindo que existe remédio para toda doença, que os recursos naturais são eternos e que o dinheiro da minha conta de luz é investido em melhorias, ora bolas!!!

Naturalmente, sob finíssimas gotas, já não dá para assistir televisão. A bateria do mp4 foi para o espaço em quase duas horas. Dei sumiço em uma caixa de cereal. Ler com o crepitar da chama, apesar de ultra-romântico, acaba com os olhos e provoca uma senhora dor de cabeça. Olhar as estrelas e a magérrima lua nova, especialmente no céu das proximidades da Linha do Equador, é uma experiência que merecia ser contada, ainda que me falte a alma poeta para tal.

22:41h

Desisti do firmamento depois de perceber que estava suando em bicas, resultado da soma de umidade elevada e 32 º celsius. Banho gelado é reconfortante nessa situação, mesmo estando novamente suada alguns minutos depois.

00:50h

Dormir parecia a melhor solução. Note o uso de “parecia”, flexão do verbo “éimpossível”.

Motivo 1 para não conseguir dormir: ar-condicionado precisa de eletricidade. Motivo 2: com a janela aberta, não há pernilongo que resista a uma picadinha. Motivo 3: a luz das estrelas resolveram virar provação do purgatório. Motivo 4: tenho labrador que não para de latir como meu vizinho.

01:34h

Passada a raiva decorrente da insônia me ocorreram pensamentos interessantes. Cotidianamente, só saio de casa com o controle do portão eletrônico. Muita sorte estar dentro de casa. O morador da residência da frente não teve a mesma sorte, ele já passou pela rua umas três vezes. Vendo que a luz não volta, restou-lhe dormir no carro. Isso me fez soltar um super “obrigada” em sussurro. Obrigada por ter um teto para me abrigar da chuva.

Infelizmente essa não é a realidade para alguns. Avante, “Minha casa, Minha vida”!

Ócio criativo ou mente-vazia-cria-minhoca são verdades. Acredito que se houvesse um estudo estatístico, poderiam ser detetados picos de natalidade nove meses após o apagão. Não ria. Pense na lógica dessa ideia biruta. Só lamento, que estando sozinha em casa, não faça parte do estudo. Não ria.

04:40h

Aleluia. Fez-se a luz!

E quase doze horas depois se descansa.

10:12h

Calculando prejuízos. Interfone: queimado. Portão eletrônico: queimado. Modem: queimado. Paciência da autora: TORRADA.

*Karem Campos é estudante de Direito.


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